quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Parto (Por mamãe)

Cinco meses depois, resolvi escrever sobre o parto da Manuela, para não esquecer detalhes desse dia que foi o mais importante da minha vida até o momento.

Dia 26/05/11

Fui almoçar na casa da minha avó.
A Carolina/Geert e Maria Luisa já tinham chegado da Holanda na noite anterior.
Estava me sentindo cansada, desanimada porque a data do nascimento já tinha passado, estava previsto para o dia 25/05...
Angustiada porque por mais que tentasse esquecer desse detalhe, não conseguia porque sempre tinha alguém me ligando para saber se estava tudo bem...
Além de tudo, ainda estava preocupada  (mesmo tendo feito um exame de perfil pela manhã, que me tranquilizou), porque tinha caído no dia anterior e batido a barriga no chão.
Mal finalizei o almoço e fui embora para casa descansar.

Li um pouco, ou pelo menos tentei, e dormi.
Por volta das 17h acordei com uma pontada forte na barriga, mas mantive a calma e continuei deitada, tentando ler mais um pouquinho.
Fui ao banheiro, vi que estava saindo um pouco de sangue e tentei falar com a Dra. Virgínia para ver se estava tudo certo, se era mais ou menos assim que começava o trabalho de parto.

Por volta das 18h30 a Dra Virgínia retornou a ligação, descrevi a dor forte que vinha e passava,  a vontade de vomitar, lembrei-a da perda do tampão mucoso que aconteceu no dia anterior.
Ela pediu para contar o intervalo das contrações, me tranquilizou dizendo que até o final de semana a Manuela deveria nascer (estávamos numa quinta-feira), para eu ligar de volta em caso de dúvidas e me deu "Boas vindas ao trabalho de parto", que era tudo isso mesmo que eu estava descrevendo.
Me despedi dizendo, calmamente, que nos encontraríamos na manhã do dia seguinte, quando ela poderia checar minha dilatação.

Antes de desligar ela fez uma última pergunta: "de quanto em quanto tempo estava a dilatação?" , eu disse calmamente: de 7 a 10 minutos.
Daí ela se assustou e me alertou que a Manuela poderia nascer ainda essa noite.

Dentei-me na sala, para assistir TV, liguei para o Lincoln para saber se ele estava voltando do trabalho e o coloquei a par do que estava acontecendo.

Já tinha me preparado psicologicamente para passar toda uma noite em trabalho de parto e pedia muito a Deus para que tudo acontecesse num momento em que eu conseguisse passar pelo trabalho de parto sorrateiramente, sem avisar a ninguém e, claro, sem que ninguém notasse minha ausência.

O Lincoln chegou e, tentando conter o nervosismo, começou a me ajudar a contar o intervalo das contrações.
 Deitei-me na cama e sempre que sentia algo, dava um leve tapa nele, para que pudesse cronometrar o tempo. Com o tempo os tapas foram ficando mais fortes e minha paciência mais curta (fazendo com que eu desejasse que ele parasse de fazer perguntas ou ficar andando atrás de mim... hehehe agora consigo rir da situação).

Ele queria me ajudar com os exercícios que fiz durante a preparação física para o parto normal, desde a 28ª Semana, mas eu só queria ficar deitada, esperando a dor passar, queria deixar os exercícios para a hora mais próxima do parto, o que para mim estava muito longe.

Às 21h30, quando as contrações chegaram a intervalos médios de 3 minutos, o Lincoln ligou para a Dra. Virgínia e combinamos de nos encontrar na maternidade para ela me avaliar.
Nessa altura do campeonato, eu só ficava sentada no vaso sanitário, aguardando as contrações, cheguei a vomitar um líquido vermelho (o que me deixou preocupada, até me lembrar que tinha chupado picolé de groselha após o almoço e fiquei aliviada porque deveria ser do xarope e não sangue...hehehe).

Tomei banho, o Lincoln levou as malas para o carro (tínhamos que estar preparados para o caso da Manuela resolver nascer nessa noite u na madrugada).
Em uma hora chegamos na maternidade (cada bacada do caminho me fazia ficar nervosa pois sentia dores fortes, mas segurei a onda). Fiquei feliz e aliviada ao ser avaliada pela Dra Virgínia, já estava com 6 cm de dilatação, já poderíamos chamar o anestesista e se tudo caminhasse dessa forma teríamos o tão sonhado "parto normal".

Em uma hora, com a chegada do anestesista, fomos para o centro cirúrgico.
As contrações ficaram ainda mais próximas, a anestesia não tirava a dor (a médica queria assim pois tinha medo de que eu não fizesse a força certa na hora da contração, testamos a força antes e eu tinha aprendido direitinho no curso).
Estávamos todos tensos no Centro Cirúrgico (Eu, Lincoln, Hiroko, Dra. Virgnia, pediatra Luciana e enfermeira), mas ainda encontrávamos tempo para falar sobre amenidades... hehehe
Algum tempo depois, já estávamos com 10 cm, os batimentos da Manuela pareciam estar diminuindo e a Dra. Virgínia deu um ultimato "Ou ela encaixava agora ou teríamos que passar para o parto cesariano".
Pensei: Como assim!? Depois de passar por isso tudo agora vão me cortar? (tinha medo de ser cortada).
Peraí Dra que agora vai...
Conseguiram ver a cabecinha da Manuela, chorei de dor (queria mais anestesia), fizemos uma força tarefa (que consistia em uma enfermeira ficar empurrando minha barriga a cada contração, além do lençol que foi amarrado na minha barriga também, e o Lincoln segurando minha cabeça para eu encostar o queixo no peito).
Levei bronca da Dra Virgínia por gritar: "Concentre sua força para ajudar no parto, precisamos da sua ajuda!"
Era eu quem avisava que a contração estava vindo para todos se posicionarem, por isso, quando vi no relógio que a Dra. Virgínia acertaria na previsão dela (nasceria até 01h15) eu falei: "Agora vai".
E às 01h14 do dia 27  de maio veio ao mundo, sem aquele famoso choro inicial ou aquela cena do médico levantando o bebê de cabeça para baixo, a minha japinha Manuela.

A Mel (preparadora física da UNIMED) que me desculpe, mas na hora nem queria saber de fazer os exercícios que tinha aprendido nas 12 semanas de curso... hehehe.
Talvez se eu não tivesse sido tão teimosa, as coisas teriam sido ainda mais fáceis.
O Lincoln bem que queria ajudar com os exercícios, tadinho!

Ainda tive que ficar na sala de parto por mais algum tempo, tomar a anestesia raquia (que paralisa da cintura para baixo porque minha placenta não saiu inteira ) fazer curetagem e posteriormente, passar por uma histeroscopia cirúrgica para retirar menos de um cm da placenta que não queria sair de jeito nenhum.
Mas nada disso teve relação com o tipo de parto, esse caso é raro e tem a ver com o tipo de placenta que se formou, considerada acreta, mas isso já é outra história e não tirou nada da beleza desse grande momento.

Nunca poderia imaginar como seria a carinha dela!
Meio inchadinha, tinha bastante pêlo, mas linda, com aquela cara de quem não estava entendendo nada do que estava acontecendo.

Por mais que imaginasse uma dor maior, um trabalho de parto que durasse pelo menos 18 horas (o meu durou 7 horas), talvez que pelo cansaço, pelo esforço...não consegui chorar de emoção quando realizei o sonho de pegar minha amada filha, aquela com quem sonhei desde quando era pequena (sempre quis ter uma filha japonesa). Sentia-me ligada na tomada (não conseguia dormir), ficava olhando para aquele ser e mal acreditava que ela pudesse ter saído de mim. Ela pegou facilmente o meu peito, fiquei um pouco tensa porque mal sabia como pegar aquele serzinho tão frágil.

Dormi duas noites no hospital e na manhã de sábado, um dia antes do meu aniversário, fui para casa com o presente que mais queria ganhar a vida toda: a minha amada filha Manuela.

Com os dias aprendi a cuidar dela, já não sentia medo, descobrimos formas diferentes de dormir juntas (pelo menos ao mesmo tempo). O cansaço deu lugar as descobertas, o medo à alegria de ver minha pequena crescendo tão saudável.

Vi e revi o vídeo do parto, gravado pela Hiroko e me emocionava muito.
Amamentar e ficar vendo a Manuela dormindo em meus braços me fazia chorar de emoção sempre.
Verificar cada traço do rostinho dela, ver como cada parte do corpinho dela é perfeita...
Vê-la tão tranquila, calminha, com olhar de gratidão me fazia sentir que tudo valeu a pena.

Como Deus foi bom para mim!
E que venham mais partos!
Partos normais, claro... a recuperação é rápida e acho que as coisas acontecerem na hora que tem que acontecer faz com que tudo caminhe melhor, inclusive a descida do leite.

Beijos


Renata Miashiro Borges

2 comentários:

  1. Muito legal o depoimento!
    Gostei da parte do picolé de groselha..rs
    Tenho uma dúvida ( mais uma rs ) que exercício é esse que eu não fiz até hoje? :(

    Bjks

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  2. Você foi muito carajosa e o Lincoln também. No próximo tem que nos chamar para darmos palpite.kkkkkkkkkkkkk

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